O sujeito que não acredita em milagre é capaz de tudo. Basta ver-lhe a face espessa, o riso encharcado de saliva, o ríctus alvar e, em suma, toda uma inestancável estupidez a escorregar-lhe da figura abominável. É susceptível dos piores sentimentos. E conheci um que não respeitava nem as cunhadas! Quanto a mim, com satisfação o confesso: – acredito piamente em milagre. Ou por outra: – só acredito em milagre. A meu ver o fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há, nele, de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre. E não vejo como se possa viver e sobreviver sem esse milagre. Agora mesmo no plano do futebol, temos um autêntico – o do América. Pergunto: – o que é a jornada do América, do fim do returno até hoje, senão isto mesmo, ou seja, o milagre taxativo, irrefutável, triunfal? Basta ver o seguinte: – entre nós, o futebol vinha se arrastando em te